Em maio de 2021, a Kamuri iniciou a campanha de apoio o povo Munduruku do Pará, vítima de garimpo ilegal e violência! Criminosos agrediram os indígenas, roubaram seus pertences, incendiaram suas casas e os ameaçaram.

Foto: Amazônia Real

O que aconteceu

No dia 26 de maio de 2021 duas casas de lideranças da aldeia Fazenda Tapajós, no município de Jacareacanga, estado do Pará, foram incendiadas por criminosos ligados ao garimpo ilegal, como retaliação à oposição dos indígenas à mineração ilegal em suas terras, e à operação “Mundurukânia”, da Polícia Federal, implementada entre os dias 25 e 27 de maio no território Munduruku.

Os incendiários destruíram a casa da líder Maria Leusa Kaba e da Cacica Isaura e seu marido Cremildo. Destruíram móveis e uma embarcação, queimaram documentos, roubaram computadores e celulares, dispararam tiros e ameaçaram de morte as lideranças locais. Ameaçaram ainda incendiar outras aldeias e atacar outras lideranças como Ademir Kaba Munduruku da Aldeia Pombal e Santa Cruz, e Ana Poxo coordenadora do movimento Munduruku Ipereg Ayu.

Enquanto parte do grupo de criminosos realizava estes ataques, outro grupo atacava as forças federais, na tentativa de depredar equipamentos que seriam usados no combate ao garimpo, havendo até mesmo confrontos nas ruas de Jacareacanga. Apesar da determinação do STF de retirada do garimpo ilegal de terras indígenas, a violência nas terras Munduruku prossegue, como em outras terras indígenas do país.

Histórico de violência

A queima das duas casas é apenas o mais recente episódio de uma série de ataques aos indígenas. Em março, na zona urbana de Jacareacanga, o grupo pró-garimpo depredou o prédio da Associação Wakoborũn, de mulheres Munduruku, destruindo documentos, móveis e equipamentos, além de produtos artesanais que eram vendidos no local.

Em abril, novamente na zona urbana de Jacareacanga, por duas vezes o grupo pró-garimpo invadiu a sede da associação e roubou itens como combustíveis e motor de barco.

Além dos ataques e ameaças às mulheres, o grupo criminoso também agrediu fisicamente homens indígenas que se opõem à mineração em suas terras, e bloqueou o acesso de viaturas de fiscalização ambiental.

A atividade mineradora ilegal vem se intensificando desde 2018, quando foram identificados, no local, muitos equipamentos pesados, e até mesmo aeronaves, em nome dos garimpeiros e de terceiros. Em 13 de maio, um grupo conhecido como Boi na Brasa – formado por oito não indígenas, e cinco indígenas da etnia Munduruku, tornaram-se réus na Justiça Federal após denúncia do MPF.

O garimpo ilegal atinge pelo menos quatro áreas dentro da Terra Indígena Munduruku e na Floresta Nacional do Crepori, tendo já causado desmatamento e envenenamento do solo e dos rios. As estimativas são de que os prejuízos ambientais até o momento chegam a R$ 73,8 milhões.

Fontes de informação

Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB): https://coiab.org.br/conteudo/carta-aberta-em-apoio-ao-povo-munduruku-em-jacareacanga-pa-1622575326856×935569177994592300

Instituto Socioambiental (ISA): https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/munduruku-denunciam-ataque-de-garimpeiros-em-jacareacanga-pa

Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB): https://apiboficial.org/2021/06/01/carta-aberta-em-apoio-ao-povo-munduruku-em-jacareacanga-pa/

Ministério Público Federal (MPF): http://www.mpf.mp.br/pa/sala-de-imprensa/noticias-pa/justica-ordena-retorno-de-forcas-federais-a-regiao-onde-indigenas-munduruku-estao-sob-ataque-de-garimpeiros

Resultados da Campanha

Confira o vídeo enviado por Maria Leusa Cosme Kaba Munduruku, filha da cacica Isaura relatando como a campanha os ajudou: