A “Semana do Índio” de 2019 vai ser marcada pelo lançamento de livros das comunidades Kaingang e Krenak do Oeste Paulista.
As publicações são parte dos resultados de um Programa de Revitalização de Línguas Indígenas no Estado de São Paulo, iniciado em 2013, em uma parceria da KAMURI com a FUNAI (Coordenação Regional Litoral Sudeste) e com o Grupo de Pesquisas InDIOMAS, da UNICAMP.
Na aldeia kaingang de Icatu (município de Braúna) – onde se reunirão também os falantes, as autoridades e os professores indígenas da aldeia Vanuíre (município de Arco-Íris) – será feito o lançamento do primeiro Dicionário Escolar do Kaingâk Paulista, uma publicação de cerca de 300 páginas, com cerca de 3 mil entradas, e perto de 200 imagens. Os Kaingang são o terceiro maior povo indígena no Brasil, mas a maioria da sua população de quase 40 mil pessoas vive nos Estados do Sul do país; em São Paulo há duas pequenas aldeias, remanescentes dos últimos grupos kaingang a entrar em contato pacífico com os brasileiros (em 1912). O dialeto paulista da língua Kaingang apresenta diversas particularidades com respeito aos dialetos falados no Sul, e o dicionário que está sendo lançado agora resulta de um grande esforço das equipes do Grupo InDIOMAS e da KAMURI para registrar, com os últimos falantes nativos (atualmente, 7 pessoas idosas) o máximo possível do seu léxico.
Na aldeia Vanuíre, a comunidade Krenak que ali vive junto com os Kaingang fará o lançamento de duas obras: um Vocabulário Unificado Krenak (Botocudo) que reúne os três principais vocabulários dessa língua registrados no século XIX, e um texto etnográfico sobre os “Botocudos do Leste do Brasil” escrito por Curt Nimuendajú (traduzido da publicação em inglês, de 1946). “Botocudo” é uma denominação dada por portugueses aos antigos “Aimorés”, um conjunto de etnias próximas, falantes de mesma língua, que povoavam todo o Leste de Minas Gerais, e parte do Espírito Santo e Bahia. Os Krenak atuais são uma daquelas etnias, e os únicos sobreviventes da antiga nação. O trabalho de estudar os vocabulários do século XIX, transpô-los para uma escrita fonética unificada (o Alfabeto Fonético Internacional) e, a partir disso, unificá-los na forma da ortografia atual dos Krenak foi feito por um acadêmico de Linguística da UNICAMP, Pedro Frassetto, cujo trabalho ganhou o prêmio de Mérito Científico em Congresso na Universidade. O mesmo aluno foi responsável pela tradução do texto de Nimuendajú, que despertou enorme interesse entre os Krenak quando lhes foi apresentado, em tradução parcial, pelo coordenador do grupo InDIOMAS, o linguista Wilmar D’Angelis.
Como parte do mesmo programa, os Nhandewa/Tupi-Guarani preparam, para breve, o lançamento do seu novo livro, Lições de Gramática Nhandewa/Tupi-Guarani vol. 2 – Caderno de Atividades Multidisciplinares, e junto com ele, um livro de textos de leitura.
5 Comentários
Estes livros estão sendo vendidos? Eu moro na região, me interesso pela língua kaingang e gostaria muito de adquirir o dicionário se estiver disponível.
Os livros não são vendidos. A maior parte das edições é distribuída entre as comunidades falantes da respectiva língua; uma pequena parte é destinada a pesquisadores (linguistas e antropólogos, principalmente), universidades e museus.
Olá boa noite. Sou indígena e me Dilziane sou mestranda. E estou querendo ter um livro “Revitalização de línguas indígenas “. Como faço para ter um ??
Bom dia! Como faço para adquirir um exemplar do livro do autor Wilmar R. D’Angelis? Título do livro: o que é? “Revitalização de línguas indígenas” como fazemos.
Bom dia! Como faço para adquirir um exemplar do livro do autor Wilmar R. D’Angelis? Título do livro: o que é? “Revitalização de línguas indígenas” como fazemos. Sou pesquisadora no ramo da linguística Indígena.