KAINGANG PAULISTAS: 109 ANOS DE PACIFICAÇÃO DE QUEM?
Era o dia 19 de março de 1912 quando um grupo dos Kaingang apareceu, por iniciativa própria ao acampamento do SPI (Serviço de Proteção aos Índios) no Ribeirão dos Patos, no Oeste Paulista. O gesto marcou o que os brancos chamaram de “pacificação dos Coroados”, e para os Kaingang do cacique Rerĩ a “pacificação dos fók”. Não sabiam os indígenas que todas aquelas terras, suas e de seus antepassados, já estavam totalmente loteadas e vendidas aos fazendeiros do café. Calculam alguns pesquisadores que os Kaingang paulistas somavam, antes de 1910, em torno de 1200 pessoas. Em 1913, no ano imediatamente depois do ‘contato’, restavam 87 pessoas. Para abrigar esse ‘resto’ de povo o SPI comprou, com a pouca verba disponível, umas lasquinhas de terra nas quais foram confinados os Kaingang sobreviventes.
Em 2021 se comemoram os 109 anos daquele episódio. O que a sociedade paulista, que construiu enormes riquezas sobre a terra e sobre a vida dos índios Kaingang, tem a dizer? O que pensa fazer para reparar essa dívida histórica??
Saiba mais sobre esses Kaingang na obra de Henry Manizer: Os Kaingang de São Paulo (Editora Curt Nimuendajú). Para adquirir o livro, clique aqui.
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Sugiro, aos interessados por essa história, duas fontes:
1. Niminon Suzel Pinheiro: “Os nômades: etnohistória Kaingang e seu contexto. São Paulo 1850-1912” (dissertação defendida na UNESP, disponível em: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/145521?show=full)
2. Darcy Ribeiro: “Os índios e a civilização” (Petrópolis: Vozes), capítulos III, IV e IX.
A conferência de Horta Barbosa (1913) intitulada “A pacificação dos Kaingang paulistas” está disponível na seção de downloads do Portal Kaingang (www.portalkaingang.org)