Mineiro de Montes Claros, Darcy Ribeiro nasceu há exatos 100 anos, no dia 26 de outubro de 1922. Quem o conheceu na juventude, dizia que era a inquietude em pessoa. Foi estudar Medicina, mas acabou se graduando, aos 24 anos de idade, na Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
Foi trabalhar no SPI (Serviço de Proteção ao Índio) onde iniciou a carreira que definiria sua vida como um dos mais importantes pesquisadores e militantes da causa indígena do país. Seus trabalhos não eram meras análises acadêmicas, mas sim textos apaixonados pela beleza e integridade dos povos indígenas, que embora fossem denominados genericamente de “índios”, representam uma humanidade diversa e complexa que ele ajudou a revelar.
Ele foi casado, de 1948 a 1974, com a antropóloga Berta Gleizer Ribeiro, sua companheira de militância política e com quem passou longos períodos entre os povos Kadiwéu, Terena, Kaiowás e Xavante, entre outros. Mas sua face indigenista e militante não era tudo: ele teve uma “incrível capacidade de viver muitas vidas numa só, enquanto a maioria de nós mal consegue viver uma”, nas palavras de Antonio Cândido.
Darcy foi ministro da Educação de Jango, vice-governador do RJ com Brizola, senador da República, idealizador de projetos pedagógicos, fundador e reitor da universidade de Brasília, professor e escritor, inclusive de romances importantes. Foi perseguido e preso durante a ditadura militar, e viveu no exílio durante os anos de chumbo.
Contribuiu não apenas com etnografias, mas também com teorias inovadoras sobre o processo civilizatório. Em uma de suas obras mais importantes, O Povo Brasileiro, apresentou novas formas de interpretação da formação das classes sociais e das mudanças culturais no Brasil.
Cinco anos antes de falecer, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras, tendo previsto erradamente, em seu discurso de posse, que pouco se falaria nele ou de sua obra em um futuro mais ou menos próximo. Hoje, um quarto de século após a sua morte, Darcy Ribeiro é ainda considerado um dos maiores pensadores brasileiros de todos os tempos. Sua obra e sua dedicação aos povos indígenas têm inspirado sucessivas gerações de pesquisadores e militantes indigenistas no país, sobretudo hoje em dia, quando forças políticas antidemocráticas ameaçam a vida e os direitos das populações nativas do Brasil.
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